A Inteligência é
definida por dois aspectos: Organização: forma determinada de
organização do conhecimento. Exemplo: não pensamos em como caminhamos,
simplesmente caminhamos, ou seja, tenho uma estrutura conhecido, a ação é o
plano representativo deste esquema.
Adaptação:
realiza-se através da assimilação e acomodação.
Assimilação e
Acomodação
Assimilação:
transforma o objeto de conhecimento de acordo com o que temos construído.
Exemplo: comer maçã o organismo absorve, faz parte dele.
Acomodação:
adaptar-se ao objeto de conhecimento através do sujeito. O sujeito se
transforma para acomodar o objeto. Exemplo: a criança difere que existem vários
tipos de cães, pequeno, grande, feroz, amigo.
Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)
Desenvolvimento
inicial das coordenações e relações de ordem entre ações, início de
diferenciação entre o próprio corpo e os objetos; aos 18 meses, mais ou menos,
constituição da função simbólica (capacidade de representar um significado a
partir de um significante). No estágio sensório-motor o campo da inteligência
aplica-se a situações e ações concretas.
Subestágios do estágio
sensório-motor:
Subestágio 1 (0-1 meses);
Subestágio 2 (1-4 meses);
Subestágio 3 (4-8 meses);
Subestágio 4 (8-12 meses);
Subestágio 5 (12-18 meses);
Subestágio 6 (18-24 meses).
Reação Circular Segmento
de conduta que o bebê associa a uma consequência que tenta reproduzir repetindo
tal conduta. O resultado deste exercício é o fortalecimento do esquema motor,
que tenderá a conservar-se e a aperfeiçoar-se. Reações Circulares primárias: são
esquemas simples, descobertos fortuitamente pelo bebê e circunscritos a seu
próprio corpo. Exemplo: chupar a mão;
Reações Circulares secundárias: são coordenações de esquemas simples cujas
consequências são inicialmente casuais. Ao contrário das primeiras, os efeitos
associados à conduta ocorrem não mais no próprio corpo, senão no meio físico ou social.
Exemplo: adulto tamborilar os dedos sobre a mesa, o bebê se agita e o adulto
entende que deve repetir o ato.
Reações Circulares terciárias: resultam da coordenação flexível de
esquemas secundários, experimentando novos meios que levam a um efeito
desejado, servem para "ver o que acontece". Exemplo: a criança usa um
objeto para lançar outro.
Subestágio 1 (0-1 meses): O
exercício dos reflexos inatos
O bebê
relaciona-se com o mundo através dos sentidos e da ação. Os reflexos inatos
proporcionam-lhe um repertório mínimo de condutas, mas que é
suficiente para sobreviver. A conduta reflexiva é desencadeada quando ocorre
uma determinada estimulação. Exemplo: sucção. Este estágio é caracterizado pela
repetição dos esquemas motores inatos. O processo fundamental na adaptação é a
assimilação: a experiência derivada do exercício do reflexo permite ao
recém-nascido adaptar-se a novas condições de estímulo repetindo
assimiladoramente o mesmo esquema de ação; ou seja, reagindo de modo semelhante
a ambas, a assimilação nova à anterior.
A Assimilação apresenta 3
aspectos:
Repetição:
assimilação funcional ou reprodutora, que assimila o objeto à função. Exemplo:
suga o mamilo sempre que este é aproximado;
Generalização:
assimilação extensiva a objetos novos e variados. Exemplo: suga todo objeto
colocado próximo a boca (fralda, bico)
Reconhecimento: a
duração, intensidade ou os componentes do esquema motor reflexo diversificam-se
em função das características do estímulo; por isso dizemos que o individuo
reconhece o objeto. Exemplo: diferenciar o chupável que alimenta do chupável
que não alimenta.
Subestágio 2 (1-4 meses)
As primeiras
adaptações adquiridas e a reação circular primária.
Formação das
primeiras estruturas adquiridas: os hábitos. Exemplo: quando o bebê faz algo
intencional que o agrada/atrai tenta repetir a ação. Esta é uma reação circular
primária porque, por um lado, o efeito inicial produziu-se de maneira fortuita
e porque, por outro, as ações que a criança repete de modo rotineiro e
invariável estão concentradas em seu próprio corpo. Começam a surgir às primeiras
coordenações motoras como pressão-sucção, visão-audição
Contágio Condutual : O assimilador antecedente á assimilação: a
criança só imita o adulto quando a conduta a ser imitada existe previamente no
seu repertório. Exemplo: imitar um som que o adulto faça que por sua vez imitou
uma vocalização que a criança já produzia.
Subestágio 3 (4-8 meses)
A reação circular secundária
Reações circulares secundárias: A reação circular secundária envolve
objetos externos; ex: casualmente o bebê alcança o móbile de seu berço; este
movimento tende a ser repetido; o bebê começa a recuperar objetos escondidos.
Neste estágio a
criança já interage com o meio, sua estrutura já não é mais só biológica, os
novos esquemas são mais ricos e variados e possibilitam uma atividade mais
liberada.
A assimilação
generalizadora com os objetos é muito ativa, a criança explora com curiosidade
aplicando esquemas conhecidos associados a efeitos que já é capaz de antecipar
tais como: chupar sacudir e bater.
Coordenação de esquemas
secundários:
A criança já é
capaz de encontrar objetos escondidos; no subestágio anterior, o bebê descobre
o objeto por acaso; agora, desde o inicio, existe um objetivo; o bebê demonstra
originalidade e procura utilizar esquemas antigos; seria o que Piaget chama de
"assimilação generalizadora".
A assimilação
recognitiva também está relacionada com êxitos posteriores, pois neste
subestágio aparece o reconhecimento motor ela já associa um objeto ao
movimento, ao sacudir o braço ela faz soar o chocalho. Agora a atenção e o
interesse da criança deslocam-se até o resultado das suas ações, ela não faz
mais só por fazer, a criança é cada vez mais sensível as mudanças da realidade,
fonte de desequilíbrio e novas acomodações.
Os avanços na
conduta mostram a proximidade da atividade intencional, porém ainda não foi
estabelecida a coordenação entre meios e fins.
O efeito produzido
pela reação secundária acontece com repetições casuais e também acontece
casualmente. A relação entre a conduta e a meta, por exemplo, espernear para
conseguir mexer com os pés um brinquedo pendurado. No terceiro subestágio,a
criança imita somente a conduta visível em seu próprio corpo. A existência do
objeto continua ligada as ações e percepções da criança ela só o procura se ele
está parcialmente oculto, o espaço está restrito a ação momentânea pois nesta
fase existe a ausência da conservação do objeto.
Subestágio 4 (8 - 12 meses)
Coordenação de
Esquemas Secundários Aplicados a Relações meios fins
Esquema Sucessão
de ações que possuem uma organização de ações e que são sucessíveis de
repetição em situações semelhantes. Ex: Sacudir um chocalho para fazê-lo soar.
Relações Meios-fins: Um esquema media o êxito de uma meta
associada a outro esquema. Ex: Agarrar um brinquedo, retirando um obstáculo que
está entre a criança e o brinquedo.
Passagem ao subestágio 4
Aparecimento da intencionalidade.
Acentua-se a atenção que ocorre no meio.
Aparecimento das primeiras coordenações do
tipo meios fins.
As reações secundárias coordenam-se em
função de uma meta não imediata.
Meios adequados para a consecução do
objetivo proposto.
Esquemas do Subestágio 4
Procedem do repertório prévio da criança,
havendo a coordenação intencional.
Sacudir um chocalho para produzir um som.
Os esquemas ainda não possuem a mobilidade
necessária, a conduta se repete tipicamente como foi aprendida.
Encontrar um objeto que foi escondido,
quando isso é feito diante dela.
Progressos nas habilidades de imitação
aproximada. Entre chocar de mãos quando deve bater palmas.
Progressos nas habilidades de imitação
análoga. Abrir e fechar as mãos quando deve abrir e fechar os olhos.
Possibilidade de imitar movimentos
invisíveis. Mover os lábios. Tocar o nariz, a orelha. Mostrar a língua.
Coordenação dos esquemas de representação
facilitando a compreensão de objetos e fatos.
Disposição de sair de casa quando lhe colocam
determinada roupa.
Quando sua fralda é retirada sabe que irá
tomar banho.
Esquemas de conhecimento têm progressos,
como os relativos à captação do espaço.
Observação e provocação de deslocamentos de
objetos.
Distinção das pessoas (6 - 8
meses)
Chorar quando
algum estranho se aproxima sem que uma figura bem conhecida e protetora esteja
presente.
Repetição de
conduta tal como foi aprendida.
Subestágio 5 (12 - 18 meses)
Reações Circulares Terciárias: É o descobrimento de novas relações
instrumentais como resultado de um processo de experimentação ajustada à
novidade da situação.
A assimilação
agora não é mera repetição, pois na reação circular terciária o esquema
sensório-motor está integrado por elementos móveis e variáveis em cada
repetição, à medida que as condições da ação são modificadas. A busca ativa de
uma nova relação entre meios e fins inicia-se de modo intencional, mas é
atingida normalmente de modo fortuito: quando um esquema prévio não é eficaz, a
criança ensaia procedimentos aproximados até que o tateio leve à resposta
correta. A criança começa a usar meios novos para atingir seus objetivos e
realiza verdadeiros atos de inteligência e de solução de problemas. Aproxima
um objeto puxando algo sobre o qual está situado, por exemplo, uma manta ou uma
almofada.
A conduta do
barbante é semelhante e consiste em atrair um objeto puxando o prolongamento do
mesmo que pode ser um barbante;
A conduta do
bastão consiste em usar um bastão ou um pau para alcançar um objeto afastado.
Puxar um lençol
sobre o qual está de pé até compreender que precisa sair de cima para poder
pegá-lo.
Tentar passar um
boneco horizontalmente através das grades verticais do parque até entender que
precisa fazê-lo girar para conseguir fazê-lo passar.
A criança descobre
o uso correto do ancinho como instrumento para aproximar objetos, brinca
aproximando-os e afastando-os alternadamente.
Desaparece o erro de
subestágio 4
Já que o esquema
de busca prévio não é eficaz, a criança ensaia outros procedimentos, até obter
o resultado desejado. Ex: quando a bola desaparece sob a mesa, nós buscamos ali
e não embaixo do sofá.
Erro de transposição no
estágio V
A criança não
consegue ainda enfrentar os deslocamentos invisíveis do objeto.
A criança é
incapaz de inferir que, se o objeto não está na mão do experimentador, deve
estar embaixo do lenço.
Ainda pesam muito
as evidências perceptivas diretas; por isso a elaboração da permanência do
objeto ainda é vista com dificuldade quando ocorrem deslocamentos dos objetos
com trajetórias ocultas para a criança.
A experimentação e
o ensaio permitem à criança incorporar a seu repertório imitativo novos
esquemas
Subestágio 6 (18 - 24 meses)
Invenção de novas
combinações de esquemas a partir de suas representações. Caracteriza-se pelo
aparecimento da representação e, então, os problemas podem começar a ser
resolvidos no plano simbólico e não mais puramente prático. Esquemas e ações
suscetíveis de ser realizadas com ou sobre os objetos que compartilham alguma
propriedade ( por exemplo agarrar objetos de certo tamanho, pode-se girar
objetos redondos ou cilíndricos) assim, os esquemas assimilam os objetos.
Os esquemas de
ação proporcionam o primeiro conhecimento sensório-motor dos objetos como são
sob o ponto de vista perceptivo; e o que pode ser feito com eles no
plano motor. Através da ação dos esquemas, a criança vai elaborando o seu
conhecimento dos próprios objetos e das relações espaciais e causais que
colocam em contato certos objetos e acontecimentos com outros. O sujeito já não
resolve, então, os problemas por tateio, mas parece fazer uma reflexão prévia.
A criança tentar
subir num banquinho, mas, ao apoiar-se nele, ele se desloca. Em um momento
determinado, a criança se detém na sua ação, parece refletir, pega o banquinho
e o apoia na parede, evitando, assim, seu deslocamento e , a seguir, sob
novamente.
A aquisição da
linguagem mudará as relações da criança.
Com o seu
aparecimento entramos em uma nova etapa representativa, que abrirá novas
perspectivas para o seu desenvolvimento intelectual.
As novas
habilidades são exercitadas em ações predominantemente assimilatórias, tais
como jogo simbólico, baseado na aceitação do "como se". Ex: Brincar
com uma caixa "como se" fosse um carro.
ORIGEM DA FUNÇÃO SIMBÓLICA
Evolução da
inteligência sensório-motora.
Os símbolos
originam-se da ação tanto como significantes; quanto como significados.
SIGNIFICANTES
Procedem
predominantemente da imitação, são dados por práticas sociais das quais o
indivíduo se apropria através da imitação: diferida ou internalizada (manejo de imagens
mentais).
SIGNIFICADOS
Tem seu valor como
elementos de assimilação.
Dar significado ou
compreender um objeto é assimilá-lo aos esquemas disponíveis.
Significantes
e significados:
Diferenciam-se,
facilitam-se mutuamente, enriquecem-se e coordenam-se no desenvolvimento
sensório-motor do mesmo modo que o fazem as funções de assimilação e
acomodação.
A experimentação e
o ensaio permitem à criança incorporar a seu repertório imitativo novos
esquemas.
A inteligência
sensório-motora depois de Piaget
A descrição da
fase sensório motora de Piaget foi feita com a observação de seus três filhos,
então outras pessoas quiseram pesquisar se este processo ocorre igualmente em
populações diferentes. E foi constatado que Piaget tinha razão, embora algumas
diferenças cronológicas foram constatadas, mas por causa da estimulação, do meio
e da forma como as crianças eram criadas.
Após muitas
pesquisas os psicólogos descobriram a capacidade dos bebês nas primeiras
semanas de vida demonstrando uma conduta mais precoce do que Piaget supunha. A
coordenação Inter sensorial aparece desde os primeiros dias de vida e a
conservação do objeto ocorre antes do que Piaget supunha, principalmente se o
objeto é algo significativo para a criança. O que Piaget interpretou em função
da competência cognitiva foi interpretado posteriormente em função da execução
motora. Piaget dizia que crianças não procuram o objeto, pois não tem uma
representação do mesmo, enquanto outros autores dizem que a criança não tem é a
habilidade motora para pegar o objeto, ex: bebês de nove meses levantam um
obstáculo para buscar um objeto escondido sob. E um de 5 meses não o faz, mas é
porque os de 9 já desenvolveram uma habilidade motora para tal.
Na função
simbólica os estudos de Piaget fecham com os novos dados coletados, a
construção da função simbólica é a elaboração do conhecimento sobre a realidade
e os dois aspectos principais são: a representação e a comunicação. Os símbolos
são instrumentos criados a serviço da relação interpessoal e a permanência
do objeto adianta-se quando o objeto é uma pessoa relacionada a criança. O
final deste estágio é paralelo à existência de ajustes entre mãe e filho a
comunicação pré-linguística e a aquisição da linguagem.
KAMII, Constance, DEVRIES, Retha. Piaget para a educação pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 101 p.
LIMA, Lauro de Oliveira. Conceitos fundamentais de Piaget: (vocabulário). Rio de Janeiro: MOBRAL, 1980. 179 p.
PIAGET, Jean, INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 135 p.
PIATTELLI-PALMARINI, Massimo (org). Teorias da linguagem, teorias da aprendizagem: o debate entre Jean Piaget e Noam Chomsky. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1983.
RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zelia. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo: EPU. 1988. 87 p.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAMII, Constance, DEVRIES, Retha. Piaget para a educação pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 101 p.
LIMA, Lauro de Oliveira. Conceitos fundamentais de Piaget: (vocabulário). Rio de Janeiro: MOBRAL, 1980. 179 p.
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